Milhares de sardinhas apareceram mortas na orla da cidade de Raposa, na região Metropolitana de São Luís. Segundo estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), o aquecimento da temperatura do mar, causado pelas mudanças climáticas, é a causa da morte das sardinhas boca-torta na cidade.
O estudo aponta que esse fenômeno da morte dos peixes é registrado desde 2009 e se repete a cada cinco anos.
“Quando a gente pega esses anos em que houve essa mortandade, a gente vê que é sempre em um período de El Niño, altas de El Niño. Então, o que ocorre? O El Niño ele aquece a água, a água quanto mais quente ela reduz a absorção do oxigênio, então temos menos oxigênio no ambiente. E aí você imagina, altos volumes de um determinado peixe adentrando no estuário pra reproduzir, com menos oxigênio, vai gerar mortandade”, explica Kaio Lima, que é engenheiro de pesca e chefe do Laboratório de Navegação e Investigação Pesqueira da Uema.
A pesquisa sobre a mortandade das sardinhas começou há seis meses, na época os pesquisadores ainda tinham esperança de encontrar uma solução para que os peixes não morressem este ano, o que não acoacontece.
Os especialistas chegaram a analisar outras possibilidades para morte das sardinhas, como pesca irregular, poluição ou envenenamento ambiental, morte pós-reprodução ou até mesmo causa natural. Mas a pesquisa concluiu que nenhuma dessas hipóteses tinha relação com o fenômeno que, também, já foi registrado em outras praias da Grande Ilha, neste ano.
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A Secretaria de Meio Ambiente de Raposa destaca que o uso das redes conhecidas como zangarias também não causaram a mortandade das sardinhas.
“As redes que são chamadas de zangarias, que é dessa malha quinze, elas não estão pescando. E, por que houve a mortandade? E se fosse essas redes, os peixes viriam com a marca das malhas e não tem marca”, afirma a secretária municipal de Meio Ambiente de Raposa, Lavina Lisboa.
Aquecimento da água do mar causa morte de peixes na Raposa
Prejuízo
A morte dos peixes causa prejuízo aos pescadores e ao mercado inteiro da cidade, que vive da pesca e do turismo.
“O peixe que a gente pega aqui depende dessa isca (as sardinhas) e como morre em grande quantidade, em toneladas, aí com certeza a produção vai diminuir”, destaca Paulo Araújo, que é guardador de barcos.
“Afeta a população inteira, desde quem carrega o gelo, todo mundo passa por dificuldade por conta disso, são poucos peixes”, aponta o revendedor de peixes Édson Rodrigues.
Para os pescadores, a segunda-feira sem pesca foi de preparativos para voltar ao mar no dia seguinte. A esperança é de não ter um prejuízo tão grande quanto das outras vezes que a mortandade de peixes foi registrada na região.








