A Assembleia Legislativa viveu um episódio curioso nesta semana. Ao votar o veto do governador Carlos Brandão (PSB) a um projeto de autoria do deputado Júlio Mendonça (PCdoB), os parlamentares ligados ao grupo do ex-governador Flávio Dino se posicionaram contra o veto.
O detalhe é que a justificativa apresentada por Brandão é exatamente a mesma que o próprio Flávio Dino usava no governo para barrar projetos semelhantes, inclusive com a assinatura e a articulação de um dos principais quadros dinistas: Rodrigo Lago (PCdoB), então secretário de Comunicação e Articulação Política.
Na época, era ele quem se encarregava de sustentar a manutenção de vetos e garantir que a Assembleia seguisse a orientação do Palácio dos
Leões. Agora, do outro lado, Lago repete o discurso em sentido contrário.
Outro nome central nesse enredo é Othelino Neto (SDD), ex-presidente da Assembleia. Sob sua Mesa Diretora, os vetos de Dino eram praticamente inquestionáveis. A influência de Othelino assegurava que a vontade do então governador fosse cumprida à risca.
Coube ao deputado Yglésio Moyses (PRTB) expor a contradição em plenário.
“Não foi eu que falei, não sou eu que estou falando, eu estou apenas repetindo aqui os motivos, razões jurídicas de dois vetos que são praticamente Ctrl-C e Ctrl-V da referência jurídica da oposição do Estado do Maranhão.”, disse o deputado.
Citando, palavra por palavra, os fundamentos usados por Flávio Dino para vetar projetos idênticos no passado, Yglésio mostrou que o discurso dinista se desmonta diante do espelho do tempo.
O grupo dinista, que se acostumou com o poder, tem encontrado dificuldade em encontrar argumentos para fundamentar uma oposição sem conflito com um passado bem recente.